Fonte: Jornal do Comércio
A Confederação Nacional da Indúsrtia (CNI) irá encaminhar ao governo federal proposta pedindo redução de impostos para empresas que atenderem a quesitos de sustentabilidade, disse o presidente da entidade, Robson de Andrande. Segundo o executivo, é preciso que seja adotada uma política de cortes de encargos mais agressiva para companhias que já seguem sistemas de produção sustentáveis, utilizando recursos naturais de maneira eficiente.
"Acho que este seria um incentivo importante para reconhecer o trabalho que alguns setores já realizam", disse Andrade, durante seminário sobre o tema promovido pela CNI, no Rio de Janeiro. Como exemplo, o presidente citou o caso das empresas de mineração. "Quando abandonam a exploração de minas, estas companhias, principalmente as de grande porte, deixam para trás áreas mais aprazíveis e com mais biodiversidade", acrescentou.
Andrade disse, contudo, que o documento ainda não está elaborado e não fez previsões sobre quando será entregue. "O que lançamos hoje é uma ideia a ser discutida com o governo", disse, sem especifiicar qual imposto será alvo da sugestão de corte.
Segundo o presidente da CNI, a proposta é que o incentivo seja oferecido a companhias que tenham projetos aprovados pelo Ministério do Meio Ambiente e que estejam devidamente certificada por órgãos ambientais.
Andrade reconheceu que o atual cenário internacional não favorece saltos significativos no processo de transição para um desenvolvimento sustentável, mas destacou que aperfeicoamentos neste sentido são fundamentais.
Com base em estudo da CNI e de 16 associações setorias, divulgado durante o evento, o executivo disse ainda que grandes avanços foram alcançados nas duas últimas décadas pela indústria nacional. "Vimos que, nos últimos 20 anos, a sustentabilidade passou a fazer parte do planejamento estratégico das empresas brasileiras. As companhias incorporam cada vez mais este princípio em seus planos de negócios", assinalou.
O levantamento da CNI avaliou 16 atividades fabris e constatou que os investimentos em práticas de produção sustentáveis vêm crescendo sistematicamente. No caso do setor de papel e celulose, o estudo indica que 100% da matéria-prima (madeira) são provenientes de florestas plantadas, o que possibilita a preservação de 2,9 milhões de hectares de áreas nativas.
Já no setor automotivo, as empresas investiram no desenvolvimento de motores de menor consumo de combustíveis e na expansão do uso de etanol. De acordo com o estudo, veículos fabricados atualmente no Brasil emitem 28 vezes menos poluentes que aqueles produzidos há 30 anos.
Em relação ao setor de energia, a criação do selo Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), em 2003, abriu espaço para na economia de 6,1 bilhões de KWh, dos quais um terço é decorrente de geladeiras e freezers. Ainda segundo a pesquisa, o consumo de energia de uma geladeira produzida no País atualmente é 60% menor que o observado há dez anos.