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Cobrança de IOF reduz negócios com ações

Apesar desses dados, ainda é cedo para fazer qualquer previsão sobre como será este ano.

A cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações em bolsa a partir de outubro parece ter alcançado o resultado desejado pelo governo brasileiro de reduzir a entrada de dólares no país.

Pesquisa feita pelo banco BNY Mellon mostra que houve uma redução de 18% no volume financeiro negociado de American Depositary Receipts (ADRs) das 29 companhias brasileiras que possuem esse tipo de programa. A média diária caiu de US$ 2,964 bilhões para US$ 2,434 bilhões. Na BM&FBovespa, a queda para essas mesmas empresas foi de 8%, R$ 1,3 bilhão pra R$ 1,2 bilhão.

 
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O levantamento utilizou como base oito semanas posteriores à incidência do imposto, que começou no dia 20 de outubro, comparando-as às negociações em igual intervalo de tempo anterior à taxação.

"Apesar desses dados, ainda é cedo para fazer qualquer previsão sobre como será este ano. Além de a cobrança ter se dado próxima a um período de férias, acredito que os investidores ainda estão em um período de adaptação. Mas pode haver um aumento do custo de captação para as companhias brasileiras no longo prazo", diz Curtis Smith, responsável por ADRs no Brasil do banco BNY Mellon.

Além de mapear os efeitos preliminares da incidência do IOF sobre ADRs e investimentos de estrangeiros em bolsa, o estudo da instituição mapeou o comportamento dos recibos de depósito de ações (DRs) em 35 países.

Em um ano marcado pela crise econômica, o volume negociado de ADRs cresceu 2% ante 2008, atingindo 135 trilhões de DRs. Em valores financeiros, porém, houve uma queda de 35%, explicada pela desvalorização dos papéis que marcou a maior parte do ano. "Isso mostra que os investidores continuam tendo um forte apetite para ativos globais", avalia Smith.

Para os recibos de ações emitidos por empresas brasileiras, a queda do volume foi de 27%, atingindo US$ 614 bilhões. No montante físico, também houve redução, de 2,8%. O destaque do país ficou por conta da Petrobras, que teve o DR mais negociado do mundo e com maior valor de mercado, de US$ 58 bilhões. No ano passado, a petrolífera já tinha ocupado o pódio. Em termos de valorização, os DRs brasileiros ficaram na segunda posição, com alta de 121,5% no ano, perdendo apenas para os argentinos, com 130,84%.

Empresas com base no Brasil também contribuíram para engrossar a lista de captações via DRs, com destaque para a operação de oferta inicial de ações do Santander Brasil, com US$ 4,5 bilhões em recibos. No total, as companhias conseguiram US$ 32 bilhões em recursos com as emissões de DRs, valor 122% maior do que o registrado em 2008.

De uma forma geral, foram os países emergentes que obtiveram os melhores resultados com os DRs. Eles abocanharam 69% dos recursos captados globalmente e foram responsáveis por 55% do valor e do número de recibos negociados. "Isso aponta uma diversificação do portfólio dos investidores", afirma Smith.