Redução na rotatividade, maior produtividade e clareza sobre os propósitos empresariais são bons motivos para que as instituições deem a devida atenção a esta “primeira venda”. Por mais que pareça simples, quem vive na prática o processo de integrar e adaptar novos colaboradores nas empresas sabe o quão desafiador é realizar esta primeira e tão importante “venda”, que não se trata de um produto ou serviço, mas sim de uma ideia ou objetivo, que irá criar a sensação de pertencimento.
O onboarding existe para instruir os novos funcionários sobre a cultura, a rotina e as dinâmicas corporativas, as quais certamente não foram apresentadas por completo nos breves momentos da seleção de times. De acordo com Erico Gabriele, sócio-diretor do Grupo Take 5 e especialista em educação corporativa à distância, há alguns bons motivos para as empresas darem mais atenção a esta etapa da nova jornada do colaborador. “Mais do que servir como um preparatório para as funções técnicas, o período de onboarding contribui para que o indivíduo compreenda do que se trata o ambiente em que está entrando e como pode ter mais sucesso na realização de interações”, diz.
Em resumo, Gabriele lista duas razões para investir tempo no onboarding:
• Redução na rotatividade dos times e maior produtividade Segundo ele, um bom onboarding reduz a rotatividade de time, garante mais produtividade em menos tempo e prepara o colaborador para os desafios que ele vai enfrentar. Além de ter mais chances de reter um bom talento, o processo de onboarding é quando a empresa consegue criar uma sensação de pertencimento.
• Clareza sobre a cultura e os propósitos empresariais Ser um funcionário novo já traz uma série de desafios; receber orientações claras e objetivas nesse momento melhora de forma significativa esse processo de adaptação e deixa a curva de adaptação menor. É muita informação para processar de uma única vez, sendo relevante sentir que tem o devido apoio.
Gabriele afirma que muitos colaboradores enfrentam dificuldades no ambiente corporativo por não entender o propósito da empresa ou da marca para a qual prestam serviço. Isso torna o trabalho mais cansativo e sem motivação.
“Acredito que temos uma melhor performance e entregamos o nosso máximo quando entendemos bem o objetivo da marca ou empresa que representamos. Entender a cultura organizacional e os procedimentos da empresa é importante nesse momento. Até os processos burocráticos se tornam menos dificultosos quando entendemos não apenas as etapas, mas os reais motivos de cada uma delas”, analisa.
Treinamento e repetição, mas com nova roupagem
Além de investir tempo para que os novos colaboradores passem por um bom programa de onboarding, Erico Gabriele recomenda que as empresas façam acompanhamentos contínuos e de forma estratégica. “Existe uma máxima quando falamos de T&D que é: treinamento é repetição. Mas essa repetição deve ser acompanhada de uma nova roupagem. Aplicar novamente exatamente o mesmo programa pode ser um erro que leva ao cansaço e à ausência de interesse do colaborador. Pense que assistir ao mesmo filme duas vezes não gera a mesma empolgação”, pontua.
O ideal, segundo o executivo, é resgatar os pilares do programa, porém em um formato diferente, com uma nova abordagem. “Gosto da ideia de dividir o conteúdo em pílulas de conhecimento menores e seguir reforçando esse tema como um programa de sustentação. Não recomendo uma reciclagem, e sim um acompanhamento contínuo. Muitas empresas pensam que o onboarding é uma corrida de 100 metros, quando, na verdade, é o treinamento de um maratonista. Não pode ser uma sessão única, nem com repetições de tempos em tempos, mas sim um programa de treinamento contínuo”, defende.
Como elaborar um programa de onboarding?
Um programa de onboarding deve responder a três grandes perguntas para o novo colaborador, segundo Erico:
- Quem somos? Neste ponto, vale destacar o propósito da empresa ou da marca de forma clara e aspiracional, criando uma conexão forte e destacando o orgulho de fazer parte de algo maior.
- O que fazemos? É importante orientar como os serviços e produtos oferecidos pela marca podem mudar ou melhorar significativamente a vida do consumidor que utiliza essas soluções. Isso muda a forma como o colaborador enxerga o papel que ele desempenha na construção da marca.
- Como fazemos? Aqui, destacar o que torna a marca diferente das demais concorrentes do mercado e como esse colaborador pode utilizar esses diferenciais são a chave de um bom programa de indução. Dar exemplos de histórias reais de como a marca soluciona os problemas e desafios encontrados pelo consumidor pode ser uma boa abordagem.
“Para obter essas respostas, é importante uma análise profunda sobre a marca e como ela se posiciona. Só assim, e com um interesse genuíno de transmitir essas orientações, a criação de um programa de onboarding será eficiente”, conclui Erico Gabriele.