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Discrição e ética ao procurar emprego estando empregado

Saber como proceder no momento de buscar novos ares é fundamental para não queimar o filme com o chefe atual e o futuro empregador

 Em um país em que a taxa de desemprego beirou os 7% no primeiro trimestre, estar ocupado é um grande alento. Mas há quem, mesmo inserido no mercado de trabalho, deseje uma nova colocação em outro lugar, seja por aspirações financeiras ou para crescimento profissional. Head hunters, os chamados caçadores de talentos, e consultores empresariais dizem que faz parte do jogo mudar de emprego, inclusive para empresas concorrentes. Só que essa busca deve seguir alguns princípios éticos básicos para que o profissional não queime o filme com o chefe atual nem com o futuro empregador. Por mais competitivo que seja, o mercado corporativo ainda respeita algumas regras de conduta. 

"Não é falta de ética procurar emprego estando empregado", assegura o head hunter Ivan Witt, sócio da Steer Recursos Humanos, de São Paulo, consultoria especializada na seleção de profissionais para cargos de alta qualificação e aconselhamento profissional. "Ficar de olho numa outra colocação é natural para quem quer progredir na carreira. O que não pode é fazer de maneira incorreta", aponta. Discrição é fundamental, e a primeira recomendação dele nesse sentido é nunca, jamais enviar um currículo utilizando o e-mail corporativo da empresa. "Muita gente manda o currículo usando o e-mail do emprego atual. Isso passa uma imagem leviana e até de ingenuidade, porque todos os e-mails corporativos estão sujeitos a auditoria da empresa. Se alguém da área de tecnologia da informação pegar, o sujeito pode correr o risco de ser demitido por justa causa", adverte. 

Além de usar o e-mail pessoal, o profissional também deve utilizar seu próprio número de telefone para fazer os contatos com o futuro empregador. E, claro, em momentos oportunos. "Se estou no horário de trabalho, o ideal seria fazer o contato em outro número, mas sempre usando o próprio celular", explica Ivan Witt. Outra regra de etiqueta que deve ser seguida: procurar agendar as entrevistas em horários alternativos. O futuro empregador tende a admirar o fato do candidato respeitar o atual ambiente de trabalho. "O indivíduo estando empregado vai poder conversar em um horário em que esteja disponível. O empregador vai entender, até porque ele está olhando a conduta do profissional", aponta o consultor. 

CONTAR OU NÃO? 

Uma dúvida de ordem moral que sempre surge: como e quando contar ao atual patrão que há um outro emprego em vista? "Se você não tem garantia de que vai dar certo o futuro emprego, não conte para ninguém. É uma situação que sequer deve ser comentada com os melhores amigos. Além de você estar sujeito a não conseguir a vaga que deseja, pode correr o risco de isso chegar ao ouvido do chefe atual e você perder uma promoção. Já vi inúmeros casos como esse acontecer", ressalta Witt. A dica é conversar com o atual empregador somente quando a nova vaga estiver garantida, e comunicar sua saída com pelo menos um mês de antecedência. "A lei trabalhista é clara e diz que ambas as partes têm que cumprir o aviso-prévio. Tem que avisar que vai sair com 30 dias de antecedência, o chefe pode abrir mão e fazer acordo. Se a empresa exigir que ele trabalhe, não tem o que fazer. O indivíduo pode até não cumprir, mas não será remunerado", esclarece o consultor.