Fonte: Noticenter
Os conflitos em empresas familiares ultrapassam o ambiente empresarial e afetam também as famílias. Modernamente, essa dinâmica é até objeto de estudo na Gestão de Paradoxos, pois muitas são as contradições nas empresas familiares, destaca o advogado e estrategista Renato Vieira de Avila. Para o especialista, nestes ambientes é difícil conciliar ação e planejamento, trabalho e lar, tradição e mudança, privacidade e transparência, entre outros contra-sensos.
Avila explica que um paradoxo é, superficialmente, o embate de ideias opostas, mas, no caso das empresas familiares, são lados diversos que se apoiam mutuamente. “O que mais intriga as famílias empresárias é o questionamento sobre qual interesse prevalecerá: familiar ou empresarial”, comenta.
O especialista afirma que é comum as famílias apoiarem e cuidarem de seus membros em qualquer situação. Porém, quando se trata de negócios, é preciso buscar lucros, resultados. Dessa forma, aquilo que funciona na esfera familiar, normalmente, gera conflitos no ambiente empresarial.
Entretanto, para Avila, optar por um ou outro interesse traz aspectos negativos. “Se prevalecerem os interesses familiares, compromete-se a liquidez financeira. Se apenas os empresariais são considerados, tem-se, com o tempo, uma empresa fragilizada pelas divergências entre sócios e herdeiros, por questões como a sucessão e a implantação de estratégias, seja de continuidade ou venda do negócio”, afirma.
Dicas para conciliar empresa e família
1. Prudência e audácia
A fabricante de armas Beretta Company, fundada em 1526 e controlada pela família há 14 gerações, sintetiza a gestão de paradoxos em seu lema: ‘Prudência e Audácia’. Por meio da prudência, não dispensa o conhecimento acumulado. Com audácia, busca inovação e conquista de novos mercados.
2. Aceitação
Exercite a aceitação da ambiguidade e a apreciação das tensões. “Conflitos são inevitáveis em empresas familiares. Resultados negativos e o agravamento de inimizades geradas pelos conflitos, isso sim, é possível evitar, através do estabelecimento de regras”, destaca Avila.
3. Transparência
A governança familiar, com processos transparentes e formais, propicia um ambiente de diálogo, o Conselho Familiar. O objetivo é redigir um documento jurídico, pouco conhecido no Brasil, mas de ampla utilização na Europa e Estados Unidos, designado Protocolo Familiar. Neste, delineiam-se regras gerais, enquanto em acordos de acionistas são traçadas normas específicas, para ajustar os interesses da família e da empresa.