O recente pedido de falência do Monitor Group, empresa de consultoria do guru da competitividade, Michael Porter, deixa claro que os modelos estratégicos tradicionais já não dão conta do novo mundo.
O modelo das 5 forças de Porter é baseado nas ameaças competitivas:
- Rivalidade dos concorrentes
- Poder de barganha dos clientes
- Poder de barganha dos fornecedores
- Produtos substitutos
- Novos competidores
Porter recomenda que a estratégia das empresas seja construída a partir da avaliação dessas forças, com base numa análise SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças).
Não podemos ignorar a importância da avaliação do cenário competitivo.
Mas o que Porter e muitos outros consultores tradicionais propõem é a incansável busca da lucratividade através de uma estratégia baseada na antecipação de ameaças e na construção de uma posição de força.
A história demonstra que grandes impérios foram construídos dessa forma.
E essa mesma história comprova que todo grande império é cercado de inimigos que tramam sua destruição. Conquistadores são temidos, mas também temem: é o circuito do medo.
Nosso mundo vem evoluindo para um novo patamar de consciência. Essa é uma afirmação vaga e de difícil comprovação, mas que tem o valor de instigar o livre pensar.
Alguns indicadores dessa transformação são concretos e sensíveis, particularmente para os temas relacionados com direitos humanos, preservação do planeta e cidadania.
Outros são mais abstratos e revelados através de atitudes coletivas como o crescente repúdio a autoridades externas (principalmente as institucionais), o desejo de protagonizar e a ênfase no desenvolvimento pessoal.
Presenciamos a valorização do indivíduo e o reconhecimento da interdependência como caminho para uma vida melhor.
As implicações dessa nova consciência para os negócios não são poucas e nem triviais.
Uma das mais importantes, e que "explica" a falência do modelo de Porter, é a relevância da "inclusão". Não aceitamos ser excluídos com a mesma resignação de antes.
Essa atitude algo "rebelde" oferece a interessante oportunidade de revisão do caminho estratégico indicado por Porter, onde "competir" dá lugar a "colaborar".
As forças ameaçadoras, se "incluídas", podem adquirir o status de forças construtoras do negócio.
Pedi a um psicanalista, certa feita, que definisse o amor. Sua resposta foi "amor é o legítimo interesse pela felicidade do outro".
Falar de "amor" no contexto de negócios pode parecer tão estranho como falar de "medo".
Então vamos parafrasear a definição do psicanalista e ater-nos ao conceito: "o legítimo interesse pela satisfação do outro".
Esse é o conceito fundamental para os negócios no contexto da nova consciência social, capaz de construir novos "impérios" que serão sustentáveis porque serão "inclusivos", ou seja, terão como missão a satisfação (negociada) das partes interessadas.
Colaboração requer confiança e implica em compartilhamento de decisões e disposição para negociar.
Quem não estiver preparado para isso irá continuar consumindo seus recursos para construir muralhas e tentar impedir que os inimigos as derrubem.