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Interação. A ponte para construção de uma marca

Ao nos darmos conta da importância da diversidade que nos cerca, percebemos o valor e a dimensão da complementaridade

 

"Os caracteres individuais que trazemos geneticamente, complementados pelas experiências pessoais, nos levam a construir um verdadeiro arsenal de regras de comportamentos, que definem nossa personalidade, visíveis pelas atitudes e posturas que esboçamos diante de cada nova situação com a qual nos defrontamos" (O Mentor Virtual, Pág. 90 - Editora Komedi - Campinas-SP -2008).

Algumas semanas atrás, ao finalizar uma palestra sobre o tema "A Construção da Marca Pessoal", fui abordado por uma jovem que de maneira muito confiante, fez o seguinte comentário: "Quando eu coloco algo na cabeça, costumo não dar ouvidos ao que os outros dizem, e defendo o que acredito com unhas e dentes. Quando faço isso estou sendo arrogante ou apenas sendo eu mesma? Estaria neste caso construindo minha marca pessoal?" - Uma pergunta objetiva, que procurei responder da forma mais clara possível: "Quando você defende seu ponto de vista com muito afinco, está na verdade, lutando por algo que acredita e isso é mais que válido, pois reflete a essência do que você é, a sua alma. No entanto, quando escutamos o mundo à nossa volta, temos chances de enriquecer nosso processo decisório em relação a determinado assunto, pois podemos ver os vários lados de uma mesma questão. Isso não significa que estamos abrindo mão daquilo que acreditamos, mas, apenas procurando adequar nossa visão à realidade que nos cerca. Ao fazermos isso, com certeza estamos construindo nossa marca pessoal, pois, demonstramos que temos idéias próprias, que definem nossa identidade, ao mesmo tempo em que nos apresentamos sem os radicalismos que caracterizam a arrogância de quem se sente dono da verdade".

Ao concluir esse breve diálogo, com aquela adolescente, recebi um sorriso franco, seguido de um carinhoso abraço de agradecimento por aquele momentâneo facho de luz em sua ainda iniciante caminhada, no escuro e complicado mundo competitivo dos adultos. Mas, na verdade, era eu quem saía crescido daquele rápido encontro, diante de uma imensa oportunidade de olhar para dentro de mim mesmo e me perguntar se pessoalmente eu estaria agindo da maneira como acabara de me expressar para aquela graciosa "menina-mulher", em busca de respostas para suas inquietações.

Aprendi com meu guru invisível, que: "Nossas atitudes, posturas e comportamentos definem o que realmente tem valor para nós. São elas que determinam o caminho que iremos tomar, constroem oportunidades e permitem realizar o sonho que carregamos latente" (O Mentor Virtual, Pág. 7 - Editora Komedi - Campinas-SP - 2011), e agora, depois de um simples  questionamento daquela jovem, eu me perguntava: "Será que para realizar nosso sonho pessoal, temos realmente que ir contra tudo e contra todos, ignorando o universo que nos envolve?" - Mal levantei a dúvida que me assolava, e a resposta chegava imediatamente numa frase postada há algum tempo: "A singularidade de uma marca pessoal é resultado do equilíbrio entre os princípios que definem aquilo que lhe é intrínseco, a sua essência, e a relação que ela tem com o mundo exterior; porque o abstrato só será percebido no mundo real se com ele entrar em sintonia. Assim, todo meu potencial só será valorizado quando puder ser identificado pelo mundo à minha volta e percebido como algo que o complemente" (Mauricio A Costa, no artigo "Unidade, a Força e Beleza de Uma Marca Forte" no Blog Marcas Fortes, Junho,17-2010).  - Isso mesmo... pensei comigo. Nossa marca pessoal depende de uma relação com os demais. Sem isso, não existirá marca, pois marca é resultado da ação sobre o meio e não algo isolado e individual. 

Outro aspecto importante, a ser lembrado é que a realidade é algo resultante de múltiplas interpretações. "Na visão quântica, quem cria a realidade é o observador", nos ensina Clemente Nóbrega, inspirado por Heinz Pagels: "O mundo não está lá independente do nosso ato de observação; o que está "lá" depende em parte do que a gente decida ver. A realidade é parcialmente criada por quem está olhando". ("Em Busca da Empresa Quântica" - Pág. 127 - Editora Ediouro - Rio de Janeiro - 1996). Levando-se em conta também, que todo sistema é dinâmico e sua complexidade implica na interação de seus múltiplos elementos, é imprescindível que, para que surja o novo, ocorra a interconexão entre seus elementos isolados. É dessa interdependência que resulta algo maior. "As individualidades colaboram para produzir uma totalidade mais significativa que a simples soma das individualidades", nos ensina mais uma vez a mente brilhante do autor citado. Em palavras mais simples, nossas idéias não servirão para nada, se não forem úteis no contexto em que estiverem inseridas, ou se porventura, seu "momentum" não for o mais adequado. Como dizia Victor Hugo: "Nada é tão forte quanto uma idéia cujo momento chegou".

Ao nos darmos conta da importância da diversidade que nos cerca, percebemos o valor e a dimensão da complementaridade. A inteligência, resulta dessa capacidade de interação. A beleza e grandiosidade de um "todo" depende da força e sinergia das partes que o compõe. Sem isso, é o caos; a dispersão resultante da desordem que afasta elementos com potencial para estabelecer juntos, algo maior. Por tudo isso, escutar o mundo à nossa volta, é que nos permite construir relacionamentos poderosos, capazes de criar a sinergia necessária para transformar simples idéias em coisas extraordinárias. O inverso é o egocentrismo que a nada leva, senão à perda desse potencial criativo. A internet dos dias atuais é o melhor exemplo disso. Particularmente, não consigo imaginar o mundo de hoje sem a ajuda de toda essa fantástica gente por trás de organizações como Google,  Wikipedia, ou YouTube. Ampliamos vertiginosamente nossa força, por meio de ambientes como Facebook, Twitter e tantos outros congêneres. Estamos na era do marketing de relacionamento, vivenciando mais que nunca a importância da interação. Quem for capaz de compreender essa verdade, e a ela adaptar-se rapidamente, sobreviverá. Aos demais, caberá apenas o isolamento, ou um anônimo lugar na platéia para assistir passivo a incrível ópera que loucamente se desenrola em um século marcado pela velocidade das mudanças.

Meu conselho àqueles que estão empenhados na construção de sua marca, sejam eles empresários, empreendedores, grandes executivos, ou uma simples garota como a que me abordou naquela palestra, vem nas palavras do incrível mentor que me acompanha: "Defina o roteiro da sua história. Comece a escrevê-la a partir deste momento. O mundo inteiro está aguardando para escutá-la. Não se esqueça de que é você o personagem central e todos à sua volta,  maravilhosos e imprescindíveis coadjuvantes" (O Mentor Virtual, Pág. 272 - Editora Komedi - Campinas-SP - 2008). Sem esses "imprescindíveis coadjuvantes" o que sobrará é um inócuo monólogo. 

Nossas palavras fluem como poderosa energia, gerando imprevisíveis transformações, e é por elas que nossa marca vai construindo o conceito que ficará impregnado para sempre em mentes e corações. Saibamos, porém, que a interação com o mundo à nossa volta é a ponte que nos permite definir o tamanho e a força dessa marca.