Com muitos anos de experiência na área contábil, já vi dezenas de atritos entre escritórios de contabilidade e empresários. Em algumas situações, o cliente estava com a razão. Nesses casos, o assessor contábil, por algum motivo, havia deixado algum dado passar ou não tinha feito seu trabalho de forma completa, mas também ocorrem erros do cliente, que esperava soluções milagrosas ou reparos impossíveis em contas que já chegavam até nós incorretas, por falta de organização administrava ou até ausência de pessoal qualificado para atender a essa demanda. A partir dessas observações, entendi que a relação entre contadores e empresários só pode ser saudável e produtiva se ambas as partes agirem com ética e respeito.
Assim como o contador deve tratar os números da empresa de forma correta, tanto de acordo com as leis vigentes como com a sua ética pessoal, também é obrigação do administrador da empresa manejar suas contas de forma apropriada, fazendo com que aquilo que vai para a mão do contabilista esteja sempre correto, pois mesmo que receba informações errôneas, elas não podem ser modificadas ou remanejadas, já que os números não mentem e, atualmente, a tecnologia vigia e fiscaliza constantemente. A responsabilidade dos profissionais contábeis é a de orientar e informar o administrador. Na seqüência, ordenar, organizar e processar os dados recebidos, além de tirar resultados deles, de maneira que estas informações tornem-se um ponto de apoio e de tomada de decisão para o administrador. Qualquer expectativa diferente por parte dos gestores pode gerar insatisfação e descontentamento para ambos, contador e empresário.
Alguns gestores possuem imperfeições em sua administração que prejudicam a relação com o escritório de contabilidade e, conseqüentemente, o trabalho apresentado pelo contador. São várias atitudes que demonstram falta de compromisso com o contabilista, como pagamentos atrasados, informações incorretas, falta de cobrança ou de atenção ao trabalho prestado pela assessoria contábil. Para esses problemas, a solução não pode vir apenas do contador, a relação com o cliente deve ser uma via de mão dupla, ou seja, o empresário deve se conscientizar do seu papel e dar o primeiro passo no trabalho conjunto a ser realizado com seu contador.
Há aqueles clientes que esperam o melhor do contabilista, cobram, pedem por resultados e não o deixam perdido e sem rumo no meio do mar de números de uma empresa, mas, para isso, fornecem a matéria-prima necessária para que o resultado devolvido seja excelente. Esse contato entre empresário e contador só dá certo quando o primeiro manda informações, fica à disposição para se reunir e administra a empresa de maneira apropriada. Já o contabilista deve sempre receber as informações e trabalhá-las com esforço, respeito pela lei e pela empresa para a qual presta serviço.
Isso resume um pouco da ética de trabalho de muitos profissionais contábeis: esperar pelo melhor dos clientes para poder fornecer excelência em troca. Por isso, minha recomendação para empresários que trabalham suas contas com um contador é que sempre valorizem e olhem para esse ofício como algo importante, significativo dentro da empresa. Assim, a relação se solidifica e os resultados apresentados melhoram, pois todos sabem que números e valores bem calculados salvam os gestores de muitas dores de cabeça do mundo empresarial.
* Dora Ramos atua no mercado contábil-administrativo há mais de 20 anos. É fundadora e diretora responsável pela Fharos Assessoria Empresarial. Para mais informações, acesse www.fharos.com.br.