Por Guto Fragoso, CFO da Kamino
Em 1971, foi criada a CNAB (Centro Nacional de Automação Bancária), importante inovação no mercado brasileiro, permitindo a troca eficiente de informações financeiras entre empresas e instituições bancárias. Na época, tinha como principal objetivo a automação dos processos de pagamento e recebimento, reduzindo significativamente o trabalho manual e os erros associados.
A Era do CNAB e Sua Importância Histórica
Nos anos 70, foi transformadora e, no século 21, ainda é utilizada por muitas empresas. Hoje em dia, entretanto, há um enfraquecimento dessa tecnologia que está, de fato, em limitações causadas, em parte, pela velocidade em que novas tecnologias foram aparecendo. Isso porque, o CNAB, apesar de ter sido uma evolução em termos de eficiência e padronização para a troca de informações financeiras nos anos 1970 - além de amplamente utilizado no dia a dia das empresas brasileiras - já cumpriu seu papel em meio a tantas transformações. E, naturalmente, está sendo gradualmente superado por tendências mais modernas e tecnologias mais avançadas. É a ilustração de uma tendência cada vez mais comum no mercado.
Desafios atuais do CNAB
Soluções mais antigas, como o CNAB, muitas vezes apresentam riscos e desafios associados aos seus usos. Especialmente, em termos de segurança e violação de dados, erros provenientes da complexidade dos sistemas e até nos processos de atualização para versões mais recentes da funcionalidade - que exigem processos de adaptação, por vezes, demorados. Já outros desafios estão bastante relacionados com a regulamentação e, principalmente, limitações técnicas, em que alguns dados importantes podem não ser suportados por plataformas mais antigas, exigindo uma série de soluções alternativas. Várias soluções atuais de mercado já conseguem resolver alguns desses gargalos.
A Evolução Tecnológica e as Alternativas ao CNAB
É importante notar, também, que as evoluções na maneira de lidar com processos dentro dos escritórios estão intrinsecamente ligadas ao avanço da tecnologia e às mudanças nas necessidades do setor financeiro. Com as renovações, as soluções estão se tornando mais personalizáveis e flexíveis, permitindo que sejam adaptadas às necessidades específicas de cada empresa, algo que o CNAB, uma estrutura mais antiga, com algumas especificidades mais rígidas, pode não oferecer completamente. Por isso, algumas das principais evoluções e alternativas utilizadas incluem, sistemas de gestão de pagamentos nativamente integrados ao Software de gestão financeira, APIs Bancárias (Open Banking), Blockchain e Criptomoedas, Automatização Avançada e Inteligência Artificial.
Diferentemente do CNAB, que se baseia no processamento de arquivos em lotes - na época, bastante moderno -, as APIs permitem uma comunicação em tempo real entre bancos e empresas - o que vem revolucionando o mercado. Esta instantaneidade não apenas acelera as transações, mas também melhora significativamente a conciliação financeira e a integração com os sistemas ERP.
Com isso, a capacidade de receber e processar dados financeiros em tempo real permite que as empresas conciliem suas contas de forma mais rápida e precisa, melhorando a gestão de fluxo de caixa e a tomada de decisões financeiras em uma relação que ilustra cada vez mais as tendências de inovação do mercado.
*Guto Fragoso é cofundador e CFO da Kamino,software de gestão, com banco integrado, para empresas. Economista formado pela Unicamp e mestrando em empreendedorismo pela FEA - USP, onde estuda empresas scale-ups, iniciou a carreira na consultoria Mckinsey, se dedicando a projetos de estratégia e finanças corporativas. Também atuou como gerente financeiro do Groupon, tornando-se CFO da operação no Brasil; como country manager da insurtech chilena ComparaOnline (financiada, entre outros, pelos fundos Kaszek e Ribbit); e ainda foi um dos líderes de produto da vertical de livros digitais (Kindle) da Amazon no Brasil.