Um dos maiores problemas de muitos condomínios, e dissabores entre os seus moradores, é a qualidade das garagens, seu tamanho e trafegabilidade. Constantemente, questionamos o motivo deste conhecido problema permanecer ao longo do tempo e manter-se nos novos empreendimentos em construção ou recentemente entregues.
É notório que a quantidade de vagas “vende” mais fácil em um empreendimento, por ter melhor mercado. No entanto, quando o usuário comprador é inserido na realidade do dia a dia, percebe que se tivesse duas boas vagas, seria muito melhor do que três ou quatro ruins.
Além disso, percebe que os ajustes não são tão fáceis, pois envolvem projeto, aprovações em órgãos públicos, altos custos com consultores especializados, além de ajuste na convenção com 100% de aprovação.
Trazendo um exemplo da realidade: se no espaço de “três” ou “quatro” vagas – ditas ruins - fossem feitas “apenas” duas, os moradores:
- Conseguiriam colocar seus carros de tamanho médio (talvez até grandes) sem dificuldade;
- Teriam melhor trafegabilidade na garagem;
- Não teriam – em alguns condomínios – o custo de manobristas 24h durante todos os dias;
- Não seria necessário o rodízio de vagas – conceito que, em minha opinião, está próximo do ridículo: “este ano tenho vagas ruins, mas no ano que vem terei vagas menos ruins”.
Quais os motivos deste desconforto?
Um dos principais motivos é que as incorporadoras tendem a seguir, rigorosamente, o que dita a legislação quanto ao “tamanho mínimo” das vagas, o que pode tornar as vagas estreitas em alguns casos.
A lei nº 11.228/92 da Prefeitura de São Paulo considera como referência para definição de vagas os seguintes parâmetros: pequenas com 2,10m de altura, 2,00m de largura e 4,20m de comprimento, vagas médias devem ter 2,10m de altura, 2,10m de largura por 4,70m de comprimento e vagas grandes devem possuir 2,30m de altura, 2,50m de largura por 5,50m de comprimento.
Um segundo motivo, não menos grave, é a eventual orientação dos especialistas em vendas de imóveis, para que haja mais vagas por apartamento, em vez de qualidade e conforto.
Como este assunto tende a não ser adequado e transparentemente divulgado no momento da venda, muitos compradores – desavisados – acabam fazendo uma compra feliz no primeiro momento e infeliz no segundo, pois encontram dificuldades no futuro, tais como:
- Pagar redesenho do espaço da garagem, na tentativa de tornar “menos pior” a situação;
- Ter que arcar com custos e esperas de manobristas;
- Se sujeitar a esperar sua vez para ter acesso ao seu veículo – muitas vezes o manobrista tem fila para buscar o veículo.
Para solucionar o problema, o ideal seria que as construtoras seguissem a legislação proposta por cada local com uma flexibilidade maior, que priorizasse a qualidade das vagas ao invés da quantidade.
Além da prática de transparência com relação às vagas na hora de vender o imóvel, o custo de manobristas seria reduzido, enquanto a qualidade de vida e de convivência dos moradores seria maior.
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