O mercado de investimentos alternativos vive um ciclo de expansão no Brasil. Mais comum no exterior há algum tempo, por aqui ganhou força diante do contexto econômico e social vivido nos últimos anos.
Desde a aprovação do teto de gastos, o Banco Central realizou consecutivos cortes da taxa de juros Selic, como forma de incentivar o consumo. Este processo se intensificou em 2020 por conta da pandemia de Covid-19. No ano passado, ela encerrou em 2%, o menor patamar histórico. O cenário favoreceu a migração de investidores com recursos aplicados em renda fixa – os mais afetados pela queda da Selic – para outras modalidades que conferem maior retorno financeiro.
É nesse contexto que os investidores brasileiros aumentaram a tolerância ao risco. Além do maior interesse pela Bolsa de Valores, que registrou o aumento de 43% de pessoas físicas cadastradas no primeiro semestre de 2021, em comparação ao mesmo período do ano passado, o cenário também favoreceu a busca por investimentos alternativos.
Estudo realizado pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) em parceria com a KPMG Brasil mostrou que os investimentos nessas duas modalidades passaram de R$ 17,2 bilhões de janeiro a setembro de 2020 para R$ 38 bilhões no mesmo período de 2021.
O private equity consiste na negociação de participação societária de empresas de capital fechado que não estão listadas na Bolsa de Valores e possuem alto potencial de crescimento, o que tende a oferecer um bom retorno financeiro.
Semelhante ao private equity, o venture capital também é feito em empresas de capital fechado não listadas na Bolsa. No entanto, ele ocorre no estágio inicial do negócio. Por essa característica, é considerado mais arriscado.
O que são investimentos alternativos e como investir
Como o próprio nome diz, os investimentos alternativos são opções frente às modalidades tradicionais. Na prática, não são listados na Bolsa de Valores ou no mercado de balcão, por isso, ainda são pouco explorados por bancos e corretoras.
Trata-se de ativos financeiros ligados a projetos específicos da economia real. Para investir, é preciso financiar ou tornar-se sócio de empreendimentos ou empresas com potencial de crescimento, que podem atuar em diferentes setores.
O investimento pode ser feito por meio do aporte em Fundos de Investimento em Participação (FIPs), que funcionam como “uma comunhão de recursos destinados à aplicação em companhias abertas, fechadas ou sociedades limitadas, em fase de desenvolvimento”, segundo definição da B3.
Também é possível ingressar neste mercado por meio das plataformas de investimentos alternativos e do equity crowdfunding, um tipo de financiamento coletivo que tem a proposta de fortalecimento dos negócios e expansão das operações de uma empresa.
Entre as vantagens do equity crowdfunding estão a democratização do acesso a investimentos que costumam ter valor inicial de aplicação mais altos, a alternativa para a diversificação da carteira do investidor e as contribuições para a movimentação econômica, uma vez que injetam recursos em negócios que irão promover a geração de emprego e renda.
Perfil do investidor
Os investimentos alternativos têm como principais características a possibilidade de alto retorno financeiro, a baixa liquidez e o maior risco em comparação com algumas modalidades tradicionais. O aporte inicial costuma ser mais alto, embora o país já tenha acompanhado uma movimentação para democratizar o acesso a essas opções como, por exemplo, o equity crowdfunding.
Por isso, especialistas financeiros recomendam essa modalidade para investidores que queiram diversificar a carteira, tenham maior tolerância ao risco e não precisem resgatar os valores com urgência. Por conta das regras do mercado, a maior parte dos investimentos alternativos segue restrita para investidores qualificados, que têm patrimônio de R$ 1 milhão, conforme critério da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).