“Nós acreditamos em Deus, Todos os outros devem trazer dados”.William Edwards Deming
Já demonstrei neste artigo que temos uma grande lacuna de produtividade nos escritórios de contabilidade brasileiros. Para atingirmos a média mundial, precisamos multiplicar por 4 a nossa produtividade. A receita média por colaborador no mercado global dæe serviços contábeis é de R$312mil/ano. Aqui no Brasil nossa média é R$85,5mil/ano.
Esta deficiência se agrava quando analisamos os 80% menores escritórios brasileiros. Para este grupo, a receita anual por funcionário é de R$60,7 mil (1/5 da média global).
Qual a causa da baixa produtividade?
A explicação para a maioria das pessoas é que a complexidade tributária brasileira, por ser a maior do mundo, seria a principal causa desta ineficiência.
Partindo desta premissa, comparei os números dos escritórios brasileiros que atendem a clientes mais sofisticados.
A complexidade tributária de uma empresa que optou pelo Lucro Real, em geral, é maior que as demais. Há, além da própria sistemática inerentemente mais complexa a este regime tributário, uma série de obrigações acessórias específicas. Creio ninguém poderia dizer algo diferente disto, correto?
Se o ambiente de negócios para estas empresas é mais complexo, os escritórios de contabilidade que atendem a clientes enquadrados no Lucro Real deveriam ser mais ineficientes. Foi nesta linha de raciocínio que analisei os números obtidos pela pesquisa que realizei sobre o empreendedorismo contábill brasileiro.
Selecionei apenas os 80% menores escritórios que atendem a clientes do Lucro Real e algo inesperado ocorreu!
Clientes complexos, escritórios mais eficientes!
Para minha surpresa, os dados apontaram a direção oposta! Estas empresas aprensentaram números melhores que a médias dos pequenos escritórios.
- A receita média anual para quem atende a clientes no Lucro Real é 52% maior que a média dos escritórios de mesmo porte!
- O ticket médio é 10% maior.
- O Life Time é 30% maior.
- A receita por funcionário é 14% maior.
Isto tudo reflete, não somente em uma margem operacional 54% maior, como também em salários 11% maiores e o somatório do Life Time Value do escritório 100% maior!
Então, como explicar este fato?
Para realizar operações fiscais, tributárias e trabalhistas de empresas de maior complexidade, observo que os escritórios controlam melhor seus custos e processos:
- Utilizam sistemas de controle de processos (como G—Click);
- Participam de programas de qualidade, como o Programa de Qualificação em Excelência Contínua (SESCON-SP e AESCON-SP), Programa de Qualidade Contábil (SESCON-RS e SESCON Serra Gaúcha), Programa de Qualidade (SESCON RN), Programa da Qualidade (Sescap CE), Programa de Gestão de Empresas Contábeis (SESCAP-PR);
- Enfim, têm mais controle e gestão sobre as operações. Até porque as consequências de processos ineficientes estão além da perda de margem operacional. As penalidades por erros em obrigações são significativas, e o risco de perder o cliente é alto (em caso de falhas).
- Implantam ERP’s em nuvem para seus clientes (como o Omie), de forma integrada com os sistemas do escritório.
As explicações acima são apenas hipóteses. Foram formuladas a partir de observação a partir de minha experiência em treinamentos, consultorias e mentorias para empresas de serviços contábeis.
Certamente irei comprová-las (ou não) a partir de novas pesquisas.
E, qual a conclusão?
65 mil organizações contábeis registradas no Conselho Federal de Contabilidade atuam no mesmo ambiente de negócios, complexo e volátil. Mas os números indicam que não são apenas os fatores externos que influenciam baixa produtividade.
Há escritórios pequenos, provavelmente como o seu, que conseguem números melhores. Então, não gaste seu tempo e energia reclamando da burocracia, das entidades, dos concorrentes! Todos nós queremos um país melhor. Mas agir é melhor que lamentar.
Trabalhe na profissionalização de sua empresa. E, sempre é bom lembrar: não acredite em solução mágica! Amadurecer, dói!