Há menos de duas semanas para as eleições, os caminhos apontados pelos 11 candidatos à presidência para resolver problemas na área econômica e controlar a inflação são bem diferentes e priorizam temas distintos.
Enquanto alguns presidenciáveis priorizam o fortalecimento do tripé macroeconômico, o pagamento da dívida pública e a autonomia do Banco Central, outros criticam a independência da instituição, afirmam que os recursos devem ser priorizados para áreas como saúde e educação e apontam o pagamento da dívida como condição de submissão do país a interesses do capital privado.
Além da inflação alta, outros desafios que o governo eleito terá que enfrentar é a perspectiva de desaceleração do PIB, o aumento dos índices de desemprego e uma reforma tributária, que é o foco das propostas de 10 dos 11 candidatos, incluindo os três principais. Para o economista e professor da IBE-FGV, Paulo Ferreira, nenhum dos candidatos é claro nas propostas da área econômica. “Os candidatos são generalistas, o que podemos dizer é que dos três melhores posicionados nas pesquisas de intenção de votos, a única que não tem experiência em gestão é a candidata Marina Silva, que terá um desafio maior no início do governo e precisará de uma boa e experiente equipe”, diz o especialista.
Se a regra orçamentária de qualquer família é gastar menos do que se ganha, a mesma regra é válida para o Governo Federal, apesar do atual governo não seguir o exemplo ideal de controle orçamentário. Nos últimos 10 anos, o número de ministérios quase dobrou, há registros do aumento de despesas acima da cota de arrecadação, orçamentos expostos a expectativas demasiadas, mudança de metodologias técnicas para apuração dos índices controlados, contrariando os princípios da Contabilidade Pública, e falta de credibilidade. “Sem dúvida alguma o governo Dilma não é sinônimo de bom modelo de gestão, muito pelo contrário, e um dos desafios para 2015 será o ajuste das premissas orçamentárias com o objetivo de equilíbrio das contas públicas”, expõe o economista da IBE-FGV, Múcio Zacharias.
Nos últimos anos o país não respeitou contratos, criou subterfúgios contábeis para melhorar os indicadores, mudou regras de indicadores econômicos e implantou crises nos órgãos estatais de divulgação dos índices econômicos (IBGE-IPEA). “Todos esses acontecimentos denotam um grande movimento de falta de credibilidade e o próximo governante, sendo a continuidade ou não, deverá reverter esse quadro”, diz Múcio que ainda completa: “Mudança é a palavra do momento e por isso todos devemos nos conscientizar de que a responsabilidade não poderá ser compartilhada, é pessoal e intransferível”.