Este é um dos melhores momentos para se abrir uma empresa no Brasil. O cenário nunca foi tão favorável aos empreendedores, pela conjunção de uma série de fatores que costumávamos ver como exclusividade dos países desenvolvidos. - A economia brasileira registrou em 2010 o maior crescimento em 24 anos, a renda per capita alcançou um dos maiores patamares dos últimos anos e a perspectiva para este ano é que o PIB cresça, mesmo num ritmo menor do que o ano passado, portanto, a atividade econômica continuará aquecida. Ainda, o nível de emprego e o aumento do poder aquisitivo dos brasileiros que se verifica nos últimos anos completam este quatro.
A melhor notícia é que empreendedores brasileiros estão cada vez mais sintonizados com o cenário macroeconômico e as perspectivas positivas que se abrem tanto para quem quer iniciar um negócio quando para os que planejam ampliar as suas empresas, sejam pequenas, médias ou grandes. Prova disso é o resultado da última pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor) reconhecida mundialmente como o maior estudo contínuo sobre a dinâmica empreendedora do mundo. O estudo é executado no Brasil numa parceria do IBQP com o Sebrae, o Senai/PR e a UFPR.
Somos líderes entre os países do G-20 em número de empreendedores iniciantes, com uma taxa de 17,5% sobre a população adulta, ou seja, 21,1 milhões de pessoas. É a maior taxa desde o início da pesquisa, em 2000. E o melhor de tudo é que, na média, enquanto um brasileiro abriu uma empresa por necessidade, dois abriram por oportunidade.
Enfim, estamos pouco a pouco superando a fase do surgimento dos microempresários que se lançavam a uma atividade própria porque tinham perdido o emprego - portanto, muitas vezes sem a expertise, a experiência e os recursos necessários para sobreviver no mercado - para a formação de uma plêiade mais preparada e conectada às perspectivas que se abrem em todos os setores da economia. Esses têm visão de longo prazo e estão atentos a chances de atuar além das nossas fronteiras.
O crescimento do número de jovens empreendedores, entre 25 e 34 anos, com formação universitária e pós-graduação, colabora para este movimento de mudança de patamar. Grande parte deles são os desbravadores do mundo corporativo virtual, criando e propondo novos negócios e parcerias pela Internet, inclusive contando com recursos de investidores estrangeiros, que apostam no talento e na criatividade dos brasileiros.Para se ter uma idéia, o comércio eletrônico este ano deverá faturar R$ 20 bilhões, o que representa um crescimento de 30% comparado com 2010, conforme estimativa da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. O uso das redes sociais para a comercialização de produtos e serviços é uma tendência que cresce mundialmente e também se fortalecerá no País.
Outro mercado que se abre à nova geração de empreendedores é o de sustentabilidade. Estudos nesta área indicam que os brasileiros estão dispostos a pagar mais por artigos ambientalmente amigáveis e a comprar cada vez mais produtos sustentáveis.
A favor dos novos empresários, uma série de iniciativas governamentais, do setor financeiro e de entidades de apoio ao empreendedorismo se multiplica. Apenas para nos limitarmos às mais recentes, o programa federal Empreendedor Individual acaba de chegar a 1,29 milhão de participantes. Eles passam a ter direitos garantidos, como acesso à Previdência Social, por exemplo, além de contribuir diretamente para a sustentabilidade do sistema econômico, já que saíram da informalidade.
Diversos benefícios estão atrelados ao programa, como a redução da alíquota previdenciária paga pelos formalizados de 11% para 5% do salário mínimo, isenção de taxas, diminuição da carga tributária e acesso a crédito.
Ainda, houve a criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, com status de ministério.
Por sua vez, a concessão de microcrédito tem crescido por volta de 30% ao ano nos últimos anos. Em 2010, o desembolso total foi de R$ 2 bilhões. Em março, o BNDES anunciou a elevação da dotação do programa, de R$ 250 milhões para R$ 450 milhões até o fim de 2012, justamente visando promover a geração de renda e emprego na economia popular e, dessa forma, ampliando as possibilidades de financiamentos para pequenos empreendedores, seja pessoa física ou jurídica.
Por fim, verificamos tanto entre as instituições financeiras públicas quanto privadas iniciativas concretas no sentido de ampliarem a sua atuação como fontes de crédito, abraçando o papel de consultores e apoiadores das atividades dos empreendedores brasileiros, em respeito às suas demandas específicas, já que as pesquisas e o próprio mercado demonstram que a mortalidade das empresas nos primeiros anos de vida tem, entre seus principais motivos, a capacitação para os negócios e a falta de recursos financeiros depois do investimento inicial.