Pedro Bicudo As novas idéias para encarar a crise vão evoluindo na medida em que o debate inclui mais pessoas. Recentemente ouvi uma tese interessante: há poucos meses estávamos com dificuldade para contratar pessoas capacitadas em TI, com vagas ainda em aberto, agora entra a crise e vou cortar meu pessoal? Mas foi tão difícil encontrar, e se o mercado retomar o crescimento, como vou recompor a equipe? Não seria melhor manter meu pessoal e cortar os contratos de serviços? – É para pensar. Na idéia apresentada, há certo grau de incerteza. Primeiro no que tange a duração da crise, pois reter pessoal faz sentido se a crise for curta. Segundo, com que grau de confiança podemos manter o pessoal interno para fazer o serviço que está terceirizado? As manchetes das últimas 5 semanas são divergentes e acabam alimentando a incerteza: Crise financeira não afeta contratos de operadoras com a EMC Desemprego em SP tem menor taxa para outubro em 16 anos Desemprego, a terceira fase da crise financeira global Governo admite que desemprego aumentará em 2009 LG demite 500 funcionários na unidade de Taubaté IDC aponta efeitos da crise em 2009 Multinacionais mantêm investimentos em TI no Brasil Crise faz aumentar demanda por revisão de contrato em dólar Confiança do consumidor cai 4,2%, para o menor nível da série Com aperto no crédito, bancos iniciam demissões [no Brasil] Continuam as demissões em empresas do Vale do Silício Crise reduz investimentos de empresas em R$ 40 bilhões [no Brasil] Demanda por mão-de-obra está firme [TI no Brasil] Empresas restringem viagens de negócios TIM: Planejamento estratégico para o Brasil não prevê corte de pessoal Enquanto ouvimos falar dos milhares de empregados demitidos da Vale, as empresas brasileiras de outsourcing declaram publicamente que estão contratando. Apesar do desemprego ser classificado como “baixo”, a taxa é de 12,5% em São Paulo. Em uma rápida consulta ao site de empregos da Catho, você vai ver que existem mais de 16 mil vagas de TI em aberto para apenas 3 mil currículos cadastrados. Apesar dessas divergências na informação, acreditamos que a demanda por recursos de TI continua alta, resta saber por quanto tempo. Mas considerando o momento atual, qualquer taxa de crescimento maior que zero para o Brasil em 2009 significa que a demanda por recursos de TI continuará igual, isto é, alta. E a duração da crise? Já temos mais de 6 meses desde que as notícias dos prejuízos do setor financeiro internacional começaram a circular. Mais seis meses e a crise completa um ano, já seria uma crise longa, ou seja, até julho/09 você já vai ter uma visão bem mais clara. Recomendo que você segure seus recursos nesse período. Mas as empresas são cruéis. Será possível resistir à pressão de corte de custos? Foi daí que nasceu a tese de cortar no outsourcing. Mas isso seria possível? Será que você tem competências internas para executar o serviço do outsourcer? Muito provavelmente não, pois o fornecedor desenvolveu especializações que já não são mais requisitadas da sua equipe interna de TI. Seguindo a lógica que do nosso texto anterior nessa coluna, o corte de contratos é possível sim, desde que você negocie corretamente a mudança do SLA com seu cliente. Dá para cortar desde que você corte também a expectativa dos clientes: menos projetos, horário de atendimento mais restrito, maior fila de espera, menos mudanças na produção, maior espera para manutenção, e assim por diante. Em resumo, desacelere, mantenha seu quadro de pessoal e reduza os contratos por seis meses. Depois disso, dá para fazer uma revisão e replanejamento com base em informações mais completas dos possíveis cenários de crescimento da sua empresa. Não é o momento para o insourcing. O processo de migração dos contratos para executar os serviços internamente significaria a contratação de novas competências que você não tem no seu quadro atual, em um momento que os recursos ainda estão escassos no mercado.